terça-feira, 7 de junho de 2011

Euá transforma-se numa fonte e sacia a sede dos filhos

Havia uma mulher que tinha dois filhos,
aos quais amava mais do que tudo.
Levando as crianças, ela ia todos os dias à floresta
em busca de lenha, lenha que ela recolhia
e vendia no mercado para sustentar os filhos.
Euá, seu nome era Euá e esse era seu trabalho,
ia ao bosque com seus filhos todo dia.

Uma vez, os três estavam no bosque entretidos
quando Euá percebeu que se perdera.
Por mais que procurasse se orientar,
não pôde Euá achar o caminho de volta.
Mais e mais foram os três se embrenhando na floresta.
As duas crianças começaram a reclamar de fome,
de sede e de cansaço.
Quanto mais andavam, maior era a sede, maior a fome.
As crianças já não podiam andar
e clamavam à mãe por água.
Euá procurava e não achava nenhuma fonte,
nenhum riacho, nenhuma poça d’água.
Os filhos já morriam de sede
e Euá se deseserava.
Euá implorou aos deuses,
pediu a Olodumare.
Ela deitou-se junto aos filhos moribundos
e, ali onde se encontrava,
Euá transformou-se numa nascente d’água.
Jorrou da fonte água cristalina e fresca
e as crianças beberam dela.
E a água matou a sede das crianças.
E os filhos de Euá sobreviveram.
Mataram a sede com a água de Euá.
A fonte continuou jorrando
e as águas se juntaram e formaram uma lagoa.
A lagoa extravasou
e as águas mais adiante originaram um novo rio.
Era o rio Euá, o Odô Euá.

[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, págs 232-233. Originalmente retirado de Noel Baudin, 1884, pp. 70-1; A. E. Ellis, 1894, p. 123; Pierre Verger, 1957, p. 295 [1999, p. 299]. A fonte é o elemento de Euá, lugar apropriado para suas oferendas.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

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