Por Denise Porfírio
Episódios criminosos de intolerância religiosa registrados nos últimos 10 anos foram sistematizados pelo Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil, lançado na última semana, na Bahia. O documento inédito sistematiza a nível nacional os casos de desrespeito à liberdade de culto cometidos contra religiosos de matriz africana, muçulmanos, judeus, católicos, entre outros grupos religiosos.
“A intolerância religiosa é um atentado à democracia e fere gravemente a pluralidade que marca a civilização nacional. Neste sentido, é importante divulgar manifestações racistas a fim de que providências sejam tomadas efetivamente”, afirma o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Alexandro Reis.
A liberdade de culto é assegurada pela Constituição Brasileira, no entanto, segundo Marcio Alexandre Gualberto, autor do trabalho, é visível que exista uma vítima preferencial de intolerância religiosa em nosso país. “Essa vítima é o praticante das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, sendo, portanto, estes os mais frequentes e, quase sempre, os mais graves casos de extremismo religioso”, afirma.
De acordo com o autor, a proposta do mapa não é apenas apresentar denúncias, mas mostrar o quanto se tem avançado no combate à intolerância religiosa e a importância do esforço de organizações e de movimentos sociais e religiosos que se mobilizam, se articulam e pressionam o poder público para pôr um fim à intolerância religiosa, seja produzindo documentos, ou até mesmo chamando para o diálogo outras tradições religiosas para somar força.
O objetivo é fazer do mapa um projeto permanente que transforme a pesquisa em um site que receba denúncias de todo o país, que aponte os estados onde ocorrem mais casos e que encaminhe as denúncias aos órgãos respectivos de cada estado ou município para que possam dar solução às intolerâncias sofridas.
DIA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA – No ano 2000, em Salvador, um ato de intolerância religiosa ocasionou a morte da líder de matriz africana Mãe Gilda, que foi vítima de um enfarto após ver sua foto publicada em um jornal de grande circulação acompanhada de um texto depreciativo. O triste episódio marcou o dia 21 de janeiro como uma data importante para estimular a sociedade a dialogar sobre o assunto e construir mecanismos de reconhecimento e valorização para que essas religiões possam ser devidamente protegidas e respeitadas.
A yalorixá Jaciara de Oxum, filha de Mãe Gilda, acredita que somente a força da educação, pelo ensino da História da África e da Cultura Afro-Brasileira (lei 10.639/2003) nas escolas, pode combater a falta de habilidade ou de vontade de aceitar a crença do outro. Sacerdotisa do terreiro Axé Abassá de Ogum, a yalorixá afirma que a divulgação do mapa dará maior visibilidade para a importância dos cultos religiosos afro-brasileiros. “Precisamos mudar os rumos da sociedade e promover um dialogo de paz entre as religiões”, desabafa.
Fonte: Fundação Palmares
Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!
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