O culto a orixá na África não é homogêneo, não há um panteão definido em toda a parte negra do continente. Alguns deuses conhecidos em certas cidades são completamente desconhecidos em outras e seu culto, na maioria das vezes, fica restrito às cidades de que foram reis ou senhores. Essa é uma diferença com o Candomblé, no qual há um panteão mais ou menos homogêneo, e deuses das mais diversas procedências da terra ioruba são reverenciados num único culto.
Contudo, existem alguns orixás que são conhecidos em muitas regiões. É o caso de Exu, que não possui uma região definida e é quase como um deus universal, cultuado em Ifé e em Mahi. A única referência que se tem de um possível lugar dominado por Exu é o título de Alakétu com o qual, a exemplo de Oxóssi, também é saudado, mas esse atributo parece ter muito mais a ver com uma recriação brasileira, onde Kêtu tornou-se a mais importante nação de Candomblé, do que com um título honorífico recebido na África. Na verdade, o lugar de origem de Exu é cada ser humano, por isso é saudade Elebara, o rei do corpo.
A cidade de Iré teve como grande rei Ogum, que devido ao seu gosto pela conquista tornou-se conhecido em muitas cidades da África, inclusive Ifé, da qual foi regente quando seu pai, Odudua, esteve impossibilitado. O título de Onirê (Oníìré) pertence a Ogum. Nas regiões em que esse orixá não é cultuado, outros deuses assumem o domínio sobre a caça ou sobre a guerra, como Oxóssi em Kêtu, o grande orixá dos caçadores que está praticamente esquecido na África, mas é bastante cultuado no Brasil, onde mantém o título de Alakétu, tendo se tornado o grande patrono do Candomblé. Outros deuses caçadores, que no Brasil são considerados qualidades de Oxóssi, são cultuados em suas próprias cidades. Esse é o caso de Erinlé na cidade de Ilobu e Otin em Inisá. Logun Edé, saudado na África como rei de ILesá, no Brasil é filho de Oxum e Oxóssi.
Entre as deusas das águas muitas estão relacionadas também a rios que levam seus nomes. Iansã é a deusa do rio Níger, também conhecido como rio Oyá, que é um outro nome da deusa. Obá também é a divindade de um rio de mesmo nome, que em certo ponto encontra com o rio Oxum, formando uma violenta confluência e lembrando sempre a rivalidade entre as duas deusas. Oxum é também a rainha de Ijesá e seu culto se estende até a cidade de Osogbó, na qual selou uma aliança com o rei local, passando a ser cultuada por todos os moradores. Em Osogbó realizam-se os principais festivais de Oxum.
Iemanjá, a deusa do rio de mesmo nome e também do rio Ogum, era cultuada inicialmente em Abeokutá, mas quando seus sacerdotes tiveram que se mudar para Egbá, esta cidade passou a ser o principal local de culto. Ewá também tem um rio com seu nome e a sua cidade é Egbado.
Os iorubas, quando conquistavam territórios vizinhos, geralmente assimilavam os seus deuses, e foi isso que aconteceu com Nanã Buruku, Obaluaiê (Obalúayé), Oxumaré e Iroko, todos cultuados entre os Mahi e nas terras do antigo Daomé. Sua incorporação ao panteão nagô ocorreu ainda na África.
A região de origem de xangô é Nupé ou Tapá, mas seu culto é mais evidente e forte na cidade de Òyó, da qual foi o terceiro e mais poderoso Aláàfin (rei). Seu culto é muito intenso nessa cidade e praticamente desconhecido em Ifé, onde Oramfé é considerado o senhor do trovão.
Os orixás funfun são adorados em praticamente toda a África negra, porém, alguns nomes se sobressaem em determinadas regiões, como Orixalá ou Obatalá em Ifé; Oxalufã em Ifon e Oxaguiã em Ejigbó.
É importante compreender essa diferença fundamental entre África e Brasil, já que entre os iorubás o orixá está intimamente ligado à etnia. É por isso que devemos ter bem claro que somos afro-brasileiros, não podendo desconsiderar a história do negro no Brasil para compreender a formação do Candomblé.
[Notas Bibliográficas e Comentários]
Transcrito do Livro “Candomblé – A panela do segredo”, de Pai Cido de Òsun Eyin com a colaboração de Rodnei William Eugênio, publicado pela Editora ARX, pp. 59-60.
Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!
O Culto dos Òrìsás provem da Cidade da Nigéria antiga Benin... da Onde suge os Tradiçionais Povos Yòrùbás !!! em toda Africa Negra existe outros Costumes e outra Tribos com Suas Dinvidadades e Cultura Ex: Angola/Kongo - Povo Banto , tem a sua Cultura as Dinvidades N'kisis, que tem Semelhanças a nossos Òrìsás Yòrùbás... o Povo Jèjè que tem suas Dinvidades que são os Voduns !!! que esse Povos fazem Divisa com os Povos Yòrùbás, e algumas dessa Culturas tem as Dinidades que possuem uma certa Dupla Nascionalidade mas nem Todos e assim vai cada um com seus Costumes Vale Ressaltar o Culto dos Òrìsás vem do Povo Yòrùbá proveniente da Nigéria Ex: Esú, Ògún, Òssósí Etc... Àsé òòò !! Espero ter Complementado !!!
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