quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Oxóssi mata o pássaro das feiticeiras


Todos os anos, para comemorar a colheita dos inhames,
O rei de Ifé oferecia aos súditos uma grande festa.
Naquele ano, a cerimônia transcorria normalmente,
quando um passar de grandes asas pousou no telhado do palácio.
O pássaro era monstruoso e aterrador.
O povo, assustado, perguntava sobre sua origem.
A ave fora enviada pelas feiticeiras,
as Iá Mi Oxorongá, nossas mães feiticeiras,
ofendidas por não terem sido convidadas.
O pássaro ameaçava o desenrolar das comemorações,
o povo corria atemorizado.
E o rei chamou os melhores caçadores do reino para abater a grande ave.
De Idô, veio Oxotogum com suas vinte flechas.
De Morê, veio Oxotogi com suas quarenta flechas.
De Ilarê, veio Oxotadotá com suas cinqüentas flechas.
Prometeram ao rei acabar com o perverso bicho,
Ou perderiam suas próprias vidas.
Nada conseguiram, entretanto, os três odes.
Gastaram suas flechas e fracassaram.
Foram presos por ordem do rei.

Finalmente, de Irém, veio Oxotocanxoxô,
o caçador de uma só flecha.
Se fracassasse, seria executado
junto com os que o antecederam.
Temendo pela vida do filho,
a mãe do caçador foi ao babalaô
e ele recomendou à mãe desesperada
fazer um ebó que agradasse às feiticeiras.
A mãe de Oxotocanxoxô sacrificou então uma galinha.
Nesse momento, Oxotocanxoxô tomou seu ofá, seu arco,
apontou atentamente e disparou sua única flecha.
E matou a temível ave perniciosa.
O sacrifício havia sido aceito.
As Iá Mi Oxorongá estavam apaziguadas.
O caçador recebeu honrarias e metade das riquezas do reino.
Os caçadores presos foram libertados
e todos festejaram.
Todos cantaram em louvor a Oxotocanxoxô.
O caçador Oxô ficou muito popular.
Cantavam em sua honra, chamando-o de Oxóssi,
que na língua do lugar quer dizer “O Caçador Oxô é Popular”.
Desde então Oxóssi é o seu nome.

[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, págs 113 e 114. Originalmente encontrado e/ou transcrito de Pierre Verger, 1985, p. 289; Verger, 1981 (a), pp. 112-3. Verger, 1985, PP. 17-9; Verger, 1981 (b), PP. 25-35; Verger, 1981 (c), PP. 5 e segs.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

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