terça-feira, 27 de julho de 2010

Série De Exu a Oxalá #1 - Exu


Exu é a contradição que todo ser humano ostenta sobre si mesmo. O bem e o mal harmoniozamente ponderados sobre a existência humana. Tendo primazia nas oferendas é o primeiro orixá a ser louvado. Divindade mensageira, é ele quem mantém a ligação entre o Orum e o Aiyê, estabelecendo a comunicação dentro e fora dos cultos além de mediar todas as demais atividades liturgicas candomblecistas.

Quando da chegada dos primeiros navios negreiros ao Brasil e do estabelecimento do culto aos orixás em solo da Terra de Vera Cruz, Exu foi logo associado ao mal, o lado diabólico da religião jesuíta por seu caráter ambivalente desprovido de pudores e isento de pecados. O lado escuso que deveria ser menosprezado para a glorificação do imaculado potencial divino presente em cada homem que se convertesse à Santa Madre Igreja.

Ledo engano.

Assim, ainda hoje temos a associação de Exu à figura católica do diabo em uma tentativa cada vez mais latente de endemonizar a divindade e desmerecer o caráter religioso do candomblé reduzindo seus seguidores a vilipendiados "macumbeiros desocupados".

De novo, ledo [ignorante] engano.

A etimologia da palavra Èsú em yorubá refere-se à sua condição de esfera (princípio e fim) o que reforça a característica de orixá do movimento. Também associado à fertilidade, Exu propõe mais discussões a seu respeito ao ser representado com um falo ereto - o que o torna ainda mais controverso e dito "indecente".

Guardião de casas, aldeias e roças de candomblé, exu mora nas encruzilhadas. Faz o que lhe pedem mediante o pagamento que exige e do qual não abre mão. É de temperamento altamente mutável passando de irascível, astucioso e impassível a brincalhão e provocador.

A cerimônia em que exu come, o padê, é momento de respeito e atenção. É ali que se satisfaz a divindade para que o culto não seja pertubado e as manifestações possam ocorrer. Como escreveu Pierre Verger "...nem completamente bom. Nem completamente mau...".

O dia de exu é a segunda feira, suas cores são o preto e o vermelho e sua saudação, Laroiê!

Particularmente tenho exu como um companheiro de estrada, alguém com quem divido meu caminho e minhas vivências. Nenhum outro me traria tamanha segurança como a que Exu é capaz de oferecer. Vejo Exu como a qualquer outro amigo. Sempre disposto, sempre predisposto, nunca indisposto. Agrade-o e aquilo que queres ele te dará.

Laroiê, Elegbara!

Laroiê, Exú.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

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