quinta-feira, 29 de julho de 2010

Logum Edé nasce de Oxum e Erinlé!


Um dia Oxum Ipondá conheceu o caçador Erinlé
e por ele se apaixonou perdidamente.
Mas Erinlé não quis saber de Oxum.
Oxum não desistiu e procurou um babalaô.
Ele disse que Erinlé só se sentia atraído
pelas mulheres da floresta, nunca pelas do rio.
Oxum pagou o babalaô e arquitetou um plano:
embebeu seu corpo em mel e rolou pelo chão da mata.
Agora sim, disfarçada de mulher da mata,
procurou de novo o seu amor.
Erinlé se apaixonou por ela no momento em que a viu.


Um dia, esquecendo-se das palavras do advinho,
Ipondá convidou Erinlé para um banho no rio.
Mas as águas lavaram o mel de seu corpo
e as folhas do disfarce se desprenderam.
Erinlé percebeu imediatamente como tinha sido enganado
e abandonou Oxum para sempre.
Foi-se embora sem olhar para trás.


Oxum estava grávida; deu  à luz a Logum Edé.
Logum Edé é metade Oxum, a metade rio,
e é metade Erinlé, a metade mato.
Suas metades nunca podem se encontrar
e ele habita num tempo o rio
e noutro tempo habita o mato.
Com o ofá, arco e flecha que herdou do pai, ele caça.
No abebé, espelho que herdou da mãe, ele se mira.


[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Págs 136-137. Originalmente retirado de Reginaldo Prandi, pesquisa de campo, São Paulo, 1989. Narrado por Pai Doda Aguéssi Braga, babalorixá do Ilê Axé Ossaim Darê, São Paulo. Mito bastante popular nos terreiros da Bahia e de São Paulo, onde Erinlé é substituído por Oxóssi. O mel de abelhas, usado por Oxum para se disfarçar e enganar o caçador, tornou-se tabu para Oxóssi, sendo substituído por mel de milho nas oferendas a ele dedicadas.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

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