Oswaldo Cruz, subúrbio da Central do Brasil, na década de 20 ainda cheirava a roça, com imensas chácaras em meio a ruas de barro com valões, por onde pessoas transitavam entre vacarias e currais, a pé ou a cavalo. O bairro era uma espécie de cidade do interior, atrasado, habitado por pessoas humildes que moravam em cortiços, e operários que, de madrugada, apanhavam o trem para deslocar-se até seu trabalho. Quase que uma cidadezinha-dormitório do Rio de Janeiro. Como na época o samba era proibido, os moradores de Oswaldo Cruz não tinham onde se divertir. Por isso era comum se reunirem na casa de amigos para dançar o jongo e o caxambu, ou participarem de cerimônias religiosas ligadas ao candomblé.
Quando Paulo Benjamin de Oliveira chegou a Oswaldo Cruz tinha 20 anos e trabalhava na fábrica de bilhar Lamas. Era lustrador. Costumava freqüentar as rodas de samba no Estácio e via seus amigos sambistas serem perseguidos pela polícia. Por isso defendia que se organizasse uma estratégia para combater essa injustiça, afinal de contas, eles não eram marginais conforme procuravam caracterizá-los. Assim, numa quarta-feira, dia 11 de abril de 1923, depois do Domingo de Páscoa, foi fundado o bloco carnavalesco Conjunto de Oswaldo Cruz.
À época havia uma integração muito forte do samba com o futebol. O clube de futebol Portela ficava no mesmo lugar onde o pessoal do samba se reunia. O samba só começava depois dos jogos: “Samba e futebol são a mesma coisa”.
O Conjunto de Oswaldo Cruz foi fundado sob os conceitos de Paulo Benjamin de Oliveira: evitar os confrontos nas ruas. Os principais dirigentes estavam sempre impecavelmente vestidos além de trazerem nos dedos anéis de prata gravados a ouro, para adquirirem boa imagem junto ao público, afinal, eles eram “formados” em samba.
Dias após a fundação do bloco, Paulo cuidou do batismo. Procurou D. Martinha, baiana ligada ao candomblé, e declarou padroeiros Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião. D. Martinha foi a madrinha.
Com o enredo “O Samba Dominando o Mundo”, o antigo Conjunto de Oswaldo Cruz, agora Portela, entrou para a história como vencedora do primeiro desfile oficial do Rio, em 1935. De lá pra cá contribuiu de várias maneiras para o carnaval carioca: foi a primeira escola que usou alegoria, introduziu a caixa-surda, o reco-reco, a comissão de frente uniformizada, o destaque e o apito da bateria. Foi campeã 21 vezes e desde 1984 não fatura um título. Para 2011 a Portela traz o carnaval "Rio, Azul da cor do mar" homenageando os 100 anos do Porto do Rio – historicamente, a porta de entrada de nosso país, por onde também exporta-se produtos gerados pela mão-de-obra e tecnologia brasileiras tornando-se referência do comércio exterior. Do Manancial inesgotável de inspiração, consolidado em todos os gêneros de arte, o mar conduzirá a Portela a uma nova missão: mais do que um Rio, ela se propõe a ser um Mar que passará em nossas vidas. E, certamente, nossos corações se deixarão levar.
A escolha do samba-enredo da Portela acontecerá hoje, a partir das 20h na Quadra da escola.
Mais informações no Site Oficial da Portela.
Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!
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