Oxumarê era um rapaz muito bonito e invejado.
Suas roupas tinham todas as cores do arco-íris
e suas jóias de outro e bronze faiscavam de longe.
Todos queriam aproximar-se de Oxumarê,
mulheres e homens, todos queriam seduzi-lo
e com ele se casar.
Mas Oxumarê era também contido e solitário.
Preferia andar sozinho pela abóbada celeste,
onde todos costumavam vê-lo em dia de chuva.
Certa vez, Xangô viu Oxumarê passar;
com todas as cores de seu traje e todo o brilho de seus metais.
Xangô conhecia a fama de Oxumarê
de não deixar ninguém dele se aproximar.
Preparou então uma armadilha para capturar o Arco-Íris.
Mandou chamá-lo para uma audiência em seu palácio
e, quando Oxumarê entrou na sala do trono,
os soldados de Xangô fecharam as portas e janelas,
aprisionando Oxumarê junto com Xangô.
Oxumarê ficou desesperado e tentou fugir,
mas todas as saídas estavam trancadas pelo lado de fora.
Xangô tentava tomar Oxumarê nos braços
e Oxumarê escapava, correndo de um canto pro outro.
Não vendo como se livrar, Oxumarê pediu ajuda a Olorum
e Olorum ouviu sua súplica.
No momento em que Xangô imobilizava Oxumarê,
Oxumarê foi transformado numa cobra,
que Xangô largou com nojo e medo.
A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos.
Havia uma pequena fresta entre a porta e o chão da sala
e foi por ali que escapou a cobra,
foi por ali que escapou Oxumarê.
Assim livrou-se Oxumarê do assédio de Xangô.
Quando Oxumarê e Xangô foram feitos orixás,
Oxumarê foi encarregado de levar água
da Terra para o pálacio de Xangô no Orum,
mas Xangô não pode nunca aproximar-se de Oxumarê.
[Notas Bibliográficas e Comentários]
Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi, publicado pela Cia das Letras, págs 226-7. Originalmente encontrado e/ou transcrito de Reginaldo Prandi, pesquisa de campo, Rio de Janeiro, 1998. Narrado por Pai Agenor Miranda Rocha.
Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!
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