7 rainhas: Margareth Menezes, Luciana Mello, Rosa Marya Colin, Alaíde Costa, Mart´nália, Paula Lima e Daúde
Maestro, orquestra e banda abrem o espetáculo
Concerto Mães D´Água - Yèyé Omó Ejá. Teatro completamente lotado. Entram orquestra, banda e maestro. Os primeiros acordes anunciam a grandeza da celebração. Todos vestindo branco no palco azul, beleza de espuma nas ondas do mar, berço de Yemanjá.
Sob a suave iluminação, emerge do oceano musical a primeira sereia da noite, ornada como deusa, com porte de rainha, Paula Lima, entoando, com sua voz especialíssima, Caminhos do mar, de Dorival Caymmi, Danilo Caymmi e Dudu Falcão. O público, desde o início arrebatado, aplaude ainda mais quando ouve uma outra voz, vinda das coxias, abraçar o canto de Paula: é Luciana Mello, com seu jeito de sereia-menina e um cativante sorriso no rosto, que vem cantando a bela Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius de Morais. E é Luciana que continua (en)cantando, com Pedra e areia, de Lenine e Dudu Falcão.
Não poderia ser mais impactante a abertura do espetáculo, que trouxe aos holofotes do Teatro Nacional, em Brasília, sete sereias, divas, divindades negras da música brasileira. Concerto dedicado às mulheres e à grande mãe africana do Brasil, a senhora das águas Yemanjá, iyabá (orixá feminino) da mitologia afro-brasileira que indiscutivelmente é a mais louvada e cantada por todo País, e, por isso, escolhida pela Fundação Cultural Palmares para ser o fio condutor do show, que encerrou, em grande estilo, as comemorações do seu aniversário de 22 anos.
E o espetáculo continua num crescendo de emoção. Quem vem pra beira do mar, de Dorival Caymmi,Canto de Iemanjá, de Baden Powell e Vinícius de Moraes, e Conto de areia, de Romildo S. Bastos e Toninho Nascimento, são as perólas seguintes, ofertadas à Rainha das Águas pelas ilustres sereias-mães Rosa Marya Colin e Alaíde Costa. O lirismo, a suavidade e o romantismo emprestados às músicas pela voz destas maravilhosas cantoras enfeitiçaram de tal modo os navegantes dessa nau sonora, que, por pouco, muitos não se atiraram ao mar, em busca da eternidade deste momento de perfeição estética.
Margareth Menezes, diva negra do poder, força e afirmação, chega com o grande Candeia, da velha-guarda da Portela, avisando que O mar serenou "quando ela pisou na areia....", arrancando ovações da platéia. E o que parecia impossível aconteceu, mais entusiasmo ainda no ambiente com a entrada dadiva-contra-diva Mart´nália, fazendo um surpreendente dueto com Margareth em Rainha do mar, de Dorival Caymmi. Com sua autenticidade, irreverência e um admirável "jogo de cintura", provado ao driblar, com maestria, o esquecimento da letra de Na beira do mar, de Mateus e Dadinho, Mart´nália conquista as palmas e o afeto da platéia.
E a esperada última sereia da noite, Daúde, pousa como uma libélula dourada nestas águas simbólicas já repletas de ricas oferendas musicais à Rainha do Mar. Seu timbre, sofisticado e originalíssimo, transformou Agradecer e abraçar, de Vevé Calazans e Gerônimo, e Lenda das sereias, de Vicente, Dionel e Veloso, em dois luxuosos presentes oferecidos a Yemanjá, nesta noite memorável, imortalizada pela gravação ao vivo de um DVD.
Os brilhantes solos e duetos sustentaram o espetáculo até o final, quando as sete divas, em um encontro emocionante, cantaram juntas Dois de fevereiro, o grande hino a Yemanjá composto pelo baiano Dorival Caymmi.
Embora a conexão entre as divas e a divindade - suas sete representações - permeasse toda a concepção do espetáculo, o mimetismo não se expressou de forma óbvia. O figurino, criativo e belíssimo, e a iluminação, que realçava, com sensibilidade, o clima de cada canção, foram os ´detalhes´ que fizeram a diferença, complementando, com brilho e luxo, do jeito que Yemanjá gosta, este grandioso espetáculo.
Parabéns, Palmares!
Fonte: FCP (Por Sal Freire)
Fotos: Sétima Produções | Divulgação Palmares
Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!
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