quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Oquê surge do fundo do mar!



No princípio, Olocum reinava só no mundo.
Olofim fez o mundo de água e Olocum o governava.
No princípio, tudo era o mar, tudo era Olocum.
E Olofim andava entediado com a vastidão sem fim das águas.
Foi então que Oraniã, com a força que lhe dera Olofim,
fez surgir do fundo do oceano o primeiro monte de terra,
a primeira colina sobre as águas, a montanha Oquê.
Oquê, que quer dizer montanha na língua dos antigos,
surgiu das profundezas dos mares para o prazer de Olofim
e desde então, além das águas, passou a existir a terra de Oquê.
Assim nasceu Oquê, o orixá do monte,
e sobre o monte a vida do homem foi possível,
porque antes tudo estava submerso
e todo o poder era do mar, de Olocum.
Logo depois, tendo o homem já se espalhado na Terra,
Olofim-Olodumare reuniu os demais orixás em cima de Oquê
e indicou a cada um onde seria seu novo domínio nesse mundo novo.
Os orixás tornaram-se então muito poderosos,
mas muitos daqueles que vieram depois dos orixás
se esqueceram de Oquê.
Sem Oquê nenhum dos orixás teria podido fazer nada
e é por isso que sempre se deve fazer oferendas a ele.
O que aconteceria se Oquê voltasse para o fundo das águas
e deixasse Olocum dominando o mundo sozinha?


[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Pág 91. Originalmente transcrito de Natalia Aróstegui, 1990, p.88. Oquê está esquecido no Brasil. No final do século XIX, entretanto, Nina Rodrigues refere-se a um monte em Salvador, no bairro de Plataforma, cultuado como Oquê (Nina Rodrigues, 1935, pp. 177-8).


Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

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