sábado, 31 de julho de 2010

Iemanjá ajuda Olodumare na criação do mundo!



Olodumare-Olofim vivia só no Infinito,
cercado apenas de fogo, chamas e vapores,
onde quase nem podia caminhar.
Cansado desse seu universo tenebroso,
cansado de não ter com quem falar,
cansado de não ter com quem brigar,
decidiu pôr fim àquela situação.
Libertou as suas forças e a violência
delas fez jorrar uma tormenta de águas.
As águas debateram-se com rochas que nasciam
e abriram no chão profundas e grandes cavidades.
A água encheu as fendas ocas,
fazendo-se os mares e oceanos,
em cujas profundezas Olocum foi habitar.
Do que sobrou da inundação se fez a terra.
Na superfície do mar, junto à terra,
ali tomou seu reino Iemanjá,
com suas algas e estrelas-do-mar,
peixes, corais, conhchas, madrepérolas.
Ali nasceu Iemanjá em prata e azul, coroada pelo arco-íris Oxumarê.
Olodumare e Iemanjá, a mãe dos orixás,
dominaram o fogo no mundo da Terra[e o entregaram ao poder de Aganju, o mestre dos vulcões,
por onde ainda respira o fogo aprisionado.
O fogo que se consumia na superfície do mundo eles apagaram
e com suas cinzas Orixá Ocô fertilizou os campos,
propiciando
o nascimento das ervas, frutos,
árovres, bosques, florestas,
que foram dados aos cuidados de Ossaim.
Nos lugares onde as cinzas foram escassas,
nasceram os pântanos e nos pântanos, a peste,
que foi doada pela mãe dos orixás ao filho Omulu.
Iemanjá encantou-se com a Terra
e a enfeitou com rios, cascatas e lagoas.
Assim surgiu Oxum, dana das águas doces.
Quando tudo estava feito
e cada natureza se encontrava na posse de um dos filhos de Iemanjá,
Obatalá, respondendo diretamente às ordens de Olorum,
criou o ser humano.
E o ser humano povoou a Terra.
E os orixás pelos humanos foram celebrados.

[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prando publicado pela Cia das Letras, Págs 380-381. Originalmente transcrito de de Natalia Aróstegui, 1994 (b), pp.8-10.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

Nanã fornece a lama para a modelagem do homem!



Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá
de fazer o mundo e modelar o ser humano,
o orixá tentou vários caminhos.
Tentou fazer de ar, como ele.
Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura.
De pedra ainda a tentativa foi pior.
Fez de fogo e o homem se consumiu.
Tentou azeite, água e até vinho-de-palma, e nada.
Foi então que Nanã Burucu veio em seu socorro.
Apontou para o fundo do lago com seu ibiri, seu cetro e arma,
e de lá retirou uma porção de lama.
Nanã deu a porção de lama a Oxalá,
o barro do fundo da lagoa onde morava ela,
a lama sobre as águas, que é Nanã.
Oxalá criou o homem, o modelou no barro.
Com o sopro de Olorum ele caminhou.
Com a ajuda dos orixás povoou a Terra.
Mas tem um dia que o homem morre
e seu corpo tem que retornar à terra,
voltar à natureza de Nanã Burucu.
Nanã deu a matéria no começo
mas quer de volta no final tudo o que é seu.


[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia das Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Págs 196 - 197. Originalmente transcrito de Reginaldo Prandi, pesquisa de campo, Salvador, 1988. Narrado por Mãe Pierina Ferreira de Oxum. Variante conta que, depois de terem sido testadas várias matérias para se fazer o homem, tentou-se a lama, mas ela chorou e não aceitou ser usada para modelagem. Foi levada então por Icu, que não teve pena dela. Em contrapartida, foi prometido a ela que haveria de retornar depois de um certo tempo (Juana Elbein dos Santos, 1976, p. 107; Ronilda Ribeiro, 1996, p. 158).

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

Orinxalá cria a Terra!


No começo, o mundo era pantanoso e cheio d'água,
um lugar inóspito, sem nenhuma serventia.
Acima dele havia o Céu, onde viviam Olorum e todos os orixás,
que às vezes desciam para brincar nos pântanos insalubres.
Desciam por teias de aranha penduradas no vazio.
Ainda não havia terra firme, nem o homem existia.
Um dia Olorum chamou à sua presença Orinxalá, o Grande Orixá.
Disse-lhe que queria criar terra firme lá embaixo
e pediu-lhe que realizasse tal tarefa.
Para a missão, deu-lhe uma concha marinha com terra,
uma pomba e uma galinha com pés de cinco dedos.
Orinxalá desceu ao pântano e depositou a terra da concha.
Sobre a terra pôs a pomba e a galinha
e ambas começaram a ciscar.
Foram assim espalhando a terra que viera na concha
até que terra firme se formou por toda parte.
Orinxalá voltou a Olorum e relatou-lhe o sucedido.
Olorum enviou um camaleão para inspecionar a obra de Oxalá
e ele não pôde andar sobre o solo que ainda não era firme.
O camaleão volto dizendo que a terra era ampla,
mas ainda não suficientemente seca.
Numa segunda viagem o camaleão trouxe a notícia
de que a Terra era ampla e suficientemente sólida,
podendo-se agora viver em sua superfície.
O lugar mais tarde foi chamado Ifé, que quer dizer ampla morada.
Depois Olorum mandou Orinxalá de volta à Terra
para plantar árvores e dar alimentos e riquezas ao homem.
E veio a chuva para regar as árvores.
Foi assim que tudo começou.
Foi ali, em Ifé, durante uma semana de quatro dias,
que Orixá Nlá criou o mundo e tudo que existe nele.


[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Págs 502-503. Originalmente retirado de Geoffrey Parrinder, 1967, p. 20; Klaas Woortmann, 1978, p. 18. A semana iorubá tem quatro dias. A cidade de Ifé é considerada pelos iorubás o berço da humanidade.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

Oxaguiã inventa o pilão!


Oxalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra.
Ele tinha muitos nomes,
una o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã,
ou ainda Aquinjolê, filho de Oguiriniã.
Gostava de guerrear e de comer.
Gostava muito de uma mesa farta.
Comia caracóis, canjica, pombos brancos,
mas gostava mais de inhame amassado.
Jamais se sentava para comer se faltasse inhame.
Seus jantares estavam sempre atrasados,
pois era muito demorado preparar o inhame.
Elejigbô, o rei de Ejigbô, estava assim sempre faminto,
sempre castigando as cozinheiras,
sempre chegando tarde para fazer a guerra.
Oxalá então consultou os babalaôs,
dez suas oferendas a Exu
e trouxe para a humanidade uma nova invenção.
O rei de Ejigbô inventou o pilão
e com o pilão ficou mais fácil preparar o inhame
e Elejigbô pôde se fartar
e fazer todas as suas guerras.
Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame
que todos agora o chamam de
"Orixá-Comedor-De-Inhame-Pilado",
o mesmo que Oxaguiã na língua do lugar.


[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Pág 488. Mito corrente nos candomblés. Fragmento em José Beniste, 1997, p. 223. Oxaguiã, por ter inventado o pilão, é considerado o criador da cultura material, tendo assim completado a criação de Oxalufã-Obatalá.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Logum Edé nasce de Oxum e Erinlé!


Um dia Oxum Ipondá conheceu o caçador Erinlé
e por ele se apaixonou perdidamente.
Mas Erinlé não quis saber de Oxum.
Oxum não desistiu e procurou um babalaô.
Ele disse que Erinlé só se sentia atraído
pelas mulheres da floresta, nunca pelas do rio.
Oxum pagou o babalaô e arquitetou um plano:
embebeu seu corpo em mel e rolou pelo chão da mata.
Agora sim, disfarçada de mulher da mata,
procurou de novo o seu amor.
Erinlé se apaixonou por ela no momento em que a viu.


Um dia, esquecendo-se das palavras do advinho,
Ipondá convidou Erinlé para um banho no rio.
Mas as águas lavaram o mel de seu corpo
e as folhas do disfarce se desprenderam.
Erinlé percebeu imediatamente como tinha sido enganado
e abandonou Oxum para sempre.
Foi-se embora sem olhar para trás.


Oxum estava grávida; deu  à luz a Logum Edé.
Logum Edé é metade Oxum, a metade rio,
e é metade Erinlé, a metade mato.
Suas metades nunca podem se encontrar
e ele habita num tempo o rio
e noutro tempo habita o mato.
Com o ofá, arco e flecha que herdou do pai, ele caça.
No abebé, espelho que herdou da mãe, ele se mira.


[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Págs 136-137. Originalmente retirado de Reginaldo Prandi, pesquisa de campo, São Paulo, 1989. Narrado por Pai Doda Aguéssi Braga, babalorixá do Ilê Axé Ossaim Darê, São Paulo. Mito bastante popular nos terreiros da Bahia e de São Paulo, onde Erinlé é substituído por Oxóssi. O mel de abelhas, usado por Oxum para se disfarçar e enganar o caçador, tornou-se tabu para Oxóssi, sendo substituído por mel de milho nas oferendas a ele dedicadas.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

Oxóssi aprende com Ogum a arte da Caça!


Oxóssi é irmão de Ogum.
Ogum tem pelo irmão um afeto especial.
Num dia em que voltava da batalha,
Ogum encontrou o irmão temeroso e sem reação,
cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia
e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras.
Ogum vinha cansado de outra guerra,
mas ficou irado e sedento de vingança.
Procurou dentro de si mais forças para continuar lutando
e partiu na direção dos inimigos.
Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.

Quando por fim venceu os invasores,
sentou-se com o irmão e o tranquilizou com sua proteção.
Sempre que houvesse necessidade
ele iria até o seu encontro para auxiliá-lo. Ogum ensinou Oxóssi a caçar,
a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas.
Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça,
sem a qual a vida é muito mais difícil.
Ogum ensinou Oxóssi a defender-se por si próprio
e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente.
Agora Ogum podia voltar tranquilo para a guerra.
Ogum fez de Oxóssi o provedor.
Oxóssi é irmão de Ogum.
Ogum é o grande guerreiro.
Oxóssi é o grande caçador.

[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Págs 112-113. Originalmente retirado de Rita de Cássia Amaral, pesquisa de campo, São Paulo, 1986.


Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Xangô é escolhido rei de Oió!


Antes de se tornar rei de Oió,
Xangô foi consultar o Oráculo.
O advinho lhe disse que fizesse um sacríficio.
Que oferecesse búzios, dois galos, duas galinhas e dois pombos.
Xangô Afonjá devia oferecer também a roupa que estava usando
e dar alguma coisa para seus parentes e amigos.

Ele assim o fez e todos se reuniram
para comer e beber do sacríficio.
Todos se fartaram e cantaram.
Então se perguntou:
"Quem escolheremos para ser o nosso rei?".
"Que tal o homem em cuja casa comemos e bebemos?",
alguém propôs.
"Quem, senão Afonjá?
Só pode ser Afonjá!",
aclamou a multidão em coro.
"Quem mais pode ser feito rei?"
"Só temos Afonjá!",
alguém propôs.
"Que seja Afonjá",
aclamou a multidão em coro.
E escolheram Afonjá e o fizeram rei de Oió.
E Xangô reinou em Oió.


[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Pág 244. Originalmente retirado de William Bascom, 1980, pp. 737-9.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

Oiá recebe o nome de Iansã, mãe de nove filhos!


Oiá desejava ter filhos,
mas não podia conceber.
Oiá foi consultar um babalaô
e ele mandou que fizesse um ebó.
Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã,
muitos búzios e muitas roupas coloridas.

Oiá fez o sacríficio e teve nove filhos.
Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:
"Lá vai Iansã".
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.
E lá ia ela orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê.

Oiá não podia ter filhos,
mas teve nove,
depois de sacrificar um carneiro.
E em sinal de respeito,
por ter seu pedido atendido,
Iansã, a mãe dos nove filhos, nunca mais comeu carneiro.


[Notas Bibliográficas e Comentários]

Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, Págs 294 e 295. Originalmente retirado de William Bascom, 1980, pp.231-3; Pierre Verger, 1981 (a), p. 168. Até hoje, nos candomblés, comer carne de carneiro é tabu para os filhos de Oiá.


Ebó - Sacríficio, oferenda, despacho


Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

Exu ganha o poder sobre as encruzilhadas!


Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio,
não tinha profissão, nem artes, nem missão.
Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro.
Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá.
Ia à casa de Oxalá todos os dias.
Na casa de Oxalá, Exu se distraía,
vendo o velho fabricar os seres humanos.
Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá,
mas ali ficavam pouco,
quatro dias, oito dias, e nada aprendiam.
Traziam oferendas, viam o velho orixá,
apreciavam sua obra e partiam.
Exu ficou na casa de Oxalá dezesseis anos.
Exu prestava muita atenção na modelagem
e aprendeu como Oxalá fabricava
as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens,
as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres.
Durante dezesseis anos ali ficou ajudando o velho Orixá.
Exu não perguntava.
Exu observava.
Exu prestava atenção.
Exu aprendeu tudo.

Um dia Oxalá disse a Exu para ir postar-se na encruzilhada
por onde passavam os que vinham à sua casa.
Para ficar ali e não deixar passar quem não trouxesse
uma oferenda a Oxalá.
Cada vez mais havia mais humanos para Oxalá fazer.
Oxalá não queria perder tempo
recolhendo os presentes que todos lhe ofereciam.
Oxalá não tinha tempo para as visitas.
Exu tinha aprendido tudo e agora podia ajudar Oxalá;
Exu coletava os ebós para Oxalá.
Exu fazia bem o seu trabalho
e Oxalá decidiu recompensá-lo.
Assim, quem viesse à casa de Oxalá
teria que pagar também alguma coisa a Exu.
Quem estivesse voltando da casa de Oxalá
també pagaria alguma coisa a Exu.
Exu mantinha-se sempre a postos
guardando a casa de Oxalá.
Armado de um ogó, poderoso porrete,
afastava os indesejáveis
e punia quem tentasse burlar sua vigilância.
Exu trabalhava demais e fez ali a sua casa,
ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa.
Exu ficou rico e poderoso.
Ninguém pode mais passar pela encruzilhada
sem pagar alguma coisa a Exu.


[Notas bibliográficas e Comentários] 

Transcrito do livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, págs 40 e 41. Originalmente retirado de William Bascom, 1980, pp.101-2. Este mito, com muitas variantes colhidas em terreiros brasileiros, ensina uma das mais caras tradições do candomblé, segundo a qual o aprendizado iniciático deve ser lento e baseado na observação, de preferência sem que o iniciado faça perguntas. Quem pergunta muito não aprende. Também afirma a idéia de que o número 16 para os iorubás é a perfeição, a totalidade, número que se repete frequentemente em mitos e fórmulas rituais.

Ebó - Sacríficio, oferenda, despacho.
Ogó - Porrete usado por Exu, geralmente com formato fálico.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

Inspiração em Série #3 - Lendas dos Orixás

As atualizações do blog tem sido recebidas com muita apreciação e nós do Yaônilé ficamos muito felizes com isso. Pensando em manter um material interessante, educativo e explicativo vou começar a reproduzir aqui os textos do Livro "Mitologia dos Orixás" de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras.

Diariamente as Lendas presentes no Livro serão reproduzidas aqui no blog e pra quem tiver interesse em adquirir o livro basta clicar aqui.

Como publicado anteriormente, as lendas dos orixás explicam boa parte da simbologia presentes nas danças e é fundamental que quem pratica a Dança dos Orixás tenha conhecimento delas.

Fiquem ligados no nosso Blog e degustem com atenção o nosso material.

Boa Leitura!

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Série De Exu a Oxalá #1 - Exu


Exu é a contradição que todo ser humano ostenta sobre si mesmo. O bem e o mal harmoniozamente ponderados sobre a existência humana. Tendo primazia nas oferendas é o primeiro orixá a ser louvado. Divindade mensageira, é ele quem mantém a ligação entre o Orum e o Aiyê, estabelecendo a comunicação dentro e fora dos cultos além de mediar todas as demais atividades liturgicas candomblecistas.

Quando da chegada dos primeiros navios negreiros ao Brasil e do estabelecimento do culto aos orixás em solo da Terra de Vera Cruz, Exu foi logo associado ao mal, o lado diabólico da religião jesuíta por seu caráter ambivalente desprovido de pudores e isento de pecados. O lado escuso que deveria ser menosprezado para a glorificação do imaculado potencial divino presente em cada homem que se convertesse à Santa Madre Igreja.

Ledo engano.

Assim, ainda hoje temos a associação de Exu à figura católica do diabo em uma tentativa cada vez mais latente de endemonizar a divindade e desmerecer o caráter religioso do candomblé reduzindo seus seguidores a vilipendiados "macumbeiros desocupados".

De novo, ledo [ignorante] engano.

A etimologia da palavra Èsú em yorubá refere-se à sua condição de esfera (princípio e fim) o que reforça a característica de orixá do movimento. Também associado à fertilidade, Exu propõe mais discussões a seu respeito ao ser representado com um falo ereto - o que o torna ainda mais controverso e dito "indecente".

Guardião de casas, aldeias e roças de candomblé, exu mora nas encruzilhadas. Faz o que lhe pedem mediante o pagamento que exige e do qual não abre mão. É de temperamento altamente mutável passando de irascível, astucioso e impassível a brincalhão e provocador.

A cerimônia em que exu come, o padê, é momento de respeito e atenção. É ali que se satisfaz a divindade para que o culto não seja pertubado e as manifestações possam ocorrer. Como escreveu Pierre Verger "...nem completamente bom. Nem completamente mau...".

O dia de exu é a segunda feira, suas cores são o preto e o vermelho e sua saudação, Laroiê!

Particularmente tenho exu como um companheiro de estrada, alguém com quem divido meu caminho e minhas vivências. Nenhum outro me traria tamanha segurança como a que Exu é capaz de oferecer. Vejo Exu como a qualquer outro amigo. Sempre disposto, sempre predisposto, nunca indisposto. Agrade-o e aquilo que queres ele te dará.

Laroiê, Elegbara!

Laroiê, Exú.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

Série: De Exu a Oxalá


O candomblé é uma das poucas religiões, se não a única, que não segue um livro doutrinador ou algo do gênero como a Bíblia, o Alcorão, ..., tendo seus preceitos repassados oralmente. Sendo assim muita coisa se perde, outras se agregam e na maioria das vezes não se chega a um senso comum.


Baseado nisso resolvi escrever uma série que aborde as características dos Orixás na qual eu possa expressar aquilo que vejo, leio, ouço e vivo, as minhas experiências com as divindades africanas. Não quero com isso que o que aqui for escrito seja tomado como verdade absoluta, apenas leia-se que esta é a minha opinião pessoal. Sugiro no entanto que os interessados em conhecer mais procurem as variadas literaturas específicas que existem sobre o assunto para aprofundarem seus conhecimentos.

Todos os direitos sobre os textos são reservados a mim, o autor.

Boa Leitura a todos!

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

domingo, 25 de julho de 2010

Dança Negra Contemporânea Brasileira

A formação da cultura brasileira é fruto da fusão das tradições de povos de diferentes origens étnicas, sendo que o modo de participação de cada um desses povos são elementos basilares e constitutivos da cultura brasileira sendo esta, portanto, resultado da miscigenação ocorrida entre indígenas, africanos e europeus.

Quando se pensa em cultura é necessário enfatizar que esta é o resultado de tradições orais e escritas, sedimentadas nas mais diferentes formas, transmitidas geração a geração formando uma teia de informações que não devem (nem podem) ser perdidas ou esquecidas. Nesse tear que é a construção da história de uma sociedade a cultura atua como cimento unindo pontos, dando forma, redimensionando o imaginário em prol da difusão de um senso coletivo comum - a cultura popular. Como lembra Chauí "a cultura popular pode ser a capacidade de apresentar idéias, situações, sentimentos, paixões e anseios universais que, por serem universais, o povo reconhece, identifica e compreende espontaneamente. Nesse entendimento, cultura é também o modo das pessoas conviverem, se relacionarem, se expressarem, trabalharem, brincarem, contarem estórias e dançarem".

A herança escravista e o fato do Brasil ter sido o último país ocidental a abolir o regime escravocrata - que aqui durou quase 400 anos - são fatores que fazem com que alguns estudiosos apontem-nas como causas para o não reconhecimento da cultura afro-brasileira como parte legitima, constitutiva e representativa da cultura brasileira. Sendo assim, é preciso repensarmos a cultura negra enquanto formadora da identidade da dança afro-brasileira. Ao contrário das outras danças, a dança de origem negra é altamente simbólica, carregada de signos, significados e significantes que, independentemente da dicotomia entre nações de candomblé, trazem em si uma poderosa representatividade perante as histórias, mitos e lendas das quais são oriundas.Isso acaba fazendo com que a dança afro seja vista como exótica, folclórica ou mesmo sensual quando, na verdade, beira mares bem diferentes destes lagos.

Prefiro referir-me a partir de agora à "dança afro" como Dança Negra Contemporânea Brasileira. Explico.

O termo Dança Negra Contemporânea traz em si mais objetividade ao referir-se ao legado cultural e civilizatório da África Negra, de onde é oriundo. As coreografias do Yaônilé mais que puramente elementos simbólicos carregam o ar da dramaturgia que é um dos príncipios éticos-estéticos da cultura negra africana. De acordo com o escritor e pesquidador Cunha apud Silva e Calaça, "a arte africana transmite idéias, conceitos, valores grupais. Assim o artista deve sugerir e não representar; deve revelar a essência presente que está atrás daquelas formas criadas. Desta forma, o significado da arte africana é referência para análise conceitual e proposição coreográfica e dramatúrgica para a dança". Sob essa ótica, a religiosidade latente, o sagrado, o mistério, a simbologia e tantos outros referenciais culturais dos povos africanos constituem uma arte singular que redmensiona, transmite, sugere e comunica, "através da criação de formas e conteúdo estético, belo e expressivo também presentes nas danças".

"A dança africana remete à ancestralidade. A presença de elementos simbólicos, do mito, do rito é muito forte nestas comunidades e estão sempre presentes nas manifestações culturais dos povos africanos". De acordo com Asante apud Martins "existem sete princípios básicos presentes na dança africana, são eles: polirritmia, forma cíclica e circular, policentrismo, dimensionalidade, imitação e harmonia, sentido holístico, repetição".

O Yaônilé enquanto Cia de Dança Negra Contemporânea tem se engajado para tornar-se um centro de referências da cultura negra e afro-brasileira, desenvolvendo ações afirmativas que ajudem o nosso povo a melhor compreender a si mesmo, sendo um espaço de conhecimento, assimilação, aprofundamento e recriação das inúmeras manifestações artísticas negras do país.

E é sobre esse assunto que estarei participando de uma mesa redonda nos dias 13, 14 e 15 de Agosto com abertura do Yaônilé.

Aguardem a programação aqui no Blog.

Danilo Aguiar


Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dia do amigo!


Sonho com o dia em que a amizade será velada com o carinho, a atenção e o respeito que lhe são inerentes ou pelo menos deveriam ser. Hoje, além de parabenizar é dia de agradecer. Por aqueles que se juntam a nós pelo caminho, compartilham de nossas alegrias, dividem as nossas tristezas, tomam parte dos nossos problemas, comemoram nossas vitórias, lamentam as derrotas e, acima de tudo, nos amam como irmãos.

Dizem os antigos que amigos são a família que nos permitiram escolher e é por isso que tenho a certeza de que em nenhum lugar do mundo, existe uma família de amigos cercada de tanto amor como a nossa.

A benção, todos os Orixás e entidades!

A benção, André, Bellinha, Michelle de Aruanda, Alan de Xangô, pais e mães!

A benção, Givaldo, Nathália, Xuxa, Diana, Laiz, Mayara, Karyne, Mona Luar, Mona Viviane, Naasom, Juniito, Farias, Israel, Allan, Tatá, Lolô, Inês, Renata, Karla, Cássia, Buiú, Gerlinho, Rodrigo, Xicú, Thiago, Sandro, Gledson, Felipe.

A benção, Babá Pierre Odé Ofaguerangi!

A benção, Ogan Tony Almeida!

A benção, Babá Fernando Odé Kassideran!

A benção, Yá Angélica Oliveira!

A benção, Edsandro Ordnasde!

A benção, Dulce de Oyá!

A benção, Irani, Raimundo e Cultura da Senzala!

A benção, Afoxé Akueran e Ogãs do Yaônilé!

A benção, Iza Macedo, Pedro Netto, Deivison, Lindolfo Amaral, Gilton Kennedy, Edilene Souza, Cristiane Santana, Marcos Silveira, Assis Sátiro, Markíbia, Profª Elba, Profº Genaldo, Teatro Lourival Baptista!

A benção porque somos felizes por termos nascidos uns para os outros e todos para Deus!

Nos resta nesse dia apenas agradecer e abraçar!

Saravá, povo de fé!

Saravá, Axé!


Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Parabéns, Buiú!

Bernardo Jr, o nego Buiú que todos amamos, completa hoje mais um ano de vida! Buiú não faz parte do nosso grupo mas foi um convidado muito especial para interpretar o Senhor da Paz - Oxalufan em uma de nossas apresentações.

O menino dos sorrisos, carismático e acolhedor talvez nem saiba o quanto influencia positivamente aqueles com quem mantém contato. Somos muito felizes por sua vida, Buiú, e agradecemos por tê-lo como amigo deste grupo que também te ama.

Muita sabedoria e luz para saber discernir sempre os melhores caminhos.



Parabéns!




Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!

sábado, 17 de julho de 2010

Série: Religiosidade AfroBrasileira

Como prometido estou listando abaixo os links para os Vídeos da Série Religiosidade Afro Brasileira do Professor José Flávio Pessoa de Barros. O material é bastante informativo na medida em que revela a fundação do Candomblé no Brasil e também por esclarecer pontos recorrentes como a primazia pelo culto a Oxóssi.


A série transformou-se em Material Didático do acervo do Yaônilé bem como as quase 8 horas de vídeos em 10 DVD's das bodas de porcelana do Vodun Kassideran. Vídeos em excelente qualidade da execução de Xirês completos e as festas ocorridas no terreiro Nhi Saara em Junho de 2010 - que nos foi dado pelo nosso amigo Tony.

A série possui 9 vídeos e os links são:


A produção dos vídeos é da Mandinga Produções com Direção e Fotografia de Rafael Eiras e Edição de Naiana Magalhães.

Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Colofé!